“PSICOFOBIA”: Um Termo Inqualificável *
- Categoria: Volume 77 - Janeiro/Junho de 2014
- Autor: Othon Bastos
- Páginas: 2
- ISSN: 1807-9865
- Biblioteca: Neurobiologia
- Ano: 2014
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Comentário
“PSICOFOBIA”: Um Termo Inqualificável *
Othon Bastos **
Trata-se de um neologismo, mal elaborado, frequentemente utilizado pela atual Diretoria da ABP, que representa um duplo atentado ao idioma português e às Ciências Humanas em geral. Esta expressão, totalmente inadequada e incorreta, contem um erro crasso linguístico e científico, que deve merecer todo o repúdio da comunidade psiquiátrica em particular.
Do ponto de vista linguístico, o termo abrange equívocos imperdoáveis etimológicos, semânticos e gramaticais. O sufixo “phobos”, de origem grega, significa temor, medo ou aversão à palavra que o antecipa. “Psicofobia” literalmente significa medo, temor, repulsa ou aversão a todas as Ciências do Comportamento humano. É, portanto, uma expressão totalmente equivocada, porque pretende substituir lemas já devidamente utilizados e aceitos em todo o mundo, quais sejam: a “estigmatização do doente mental“, “preconceitos sociais contra o doente mental”,ou simplesmente sua “exclusão social”. Se desejavam um vocábulo mais breve ou de fácil divulgação, que equivalesse aos anteriormente referidos disporiam do horrendo e anacrônico “Psicopatofobia”, ou fariam uso apenas das abreviações: EDM, PSDM” ou “ESDM”, muito mais curtos e de
significação correta.
“Psicofobia” contém um verdadeiro insulto a todas as Ciências do Comportamento Humano (Psicologia, Sociologia, Antropologia, Psicopatologia e à própria Psiquiatria, como disciplina científica).
Em 1963, recém-chegado de um estágio no Serviço do Prof. Henri Ey, na França, tive minha atenção despertada pelo tema – “Preconceitos Sociais face às Doenças Mentais”. Em um Curso sobre Psiquiatria Social, depois transformado em apostila, a segunda aula focalizou, de forma detalhada, exatamente este assunto. A referida aula foi objeto também de divulgação através do Boletim do “Serviço de Saúde Mental”. Este serviço foi uma das criações da reforma psiquiátrica de Pernambuco, procedida nos anos 30 do século passado, por Ulysses Pernambucano.